quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Gre-Nal 396


Grêmio abre venda de ingressos para Gre-Nal 396 no estádio Centenário

São destinados 2,2 mil bilhetes aos torcedores tricolores para domingo


Estádio Centenário, em Caxias do Sul  (Foto: Inter / DVG)Estádio Centenário é o palco do Gre-Nal 396
(Foto: Inter / DVG)
O Grêmio abriu nesta quinta-feira a venda de ingressos para o Gre-Nal 396, que ocorre no próximo domingo, no Centenário, em Caxias do Sul. Até sábado, a prioridade de compra é para os associados em dia. Caso sobrem ingressos, eles serão disponibilizados para os torcedores em geral.

O ingresso é de arquibancada, no valor único de R$ 70. Bilhetes também serão comercializados em Caxias do Sul. No total, o Grêmio recebe 2,2 mil entradas para o clássico.

Confira as informações abaixo:

Local: Bilheterias do Sócio Torcedor, junto ao pórtico
Sexta-feira, das 9h às 18h30m

Para torcedores em geral:
Local: Bilheterias do Sócio Torcedor – junto ao pórtico
Sábado, das 9h às 17h

Em Caxias:
Local: Loja Multisom do Shopping São Pelegrino
Av. Rio Branco 425/lj 124
Sexta-feira, horário comercial do shopping
Sábado, horário comercial do shopping

Caso sobrem ingressos da venda em Porto Alegre e da venda na Muiltisom de Caxias, eles serão comercializados na bilheteria do Centenário a partir de domingo. O jogo, válido pelas quartas de final da Taça Piratini, ocorre às 16h.

Virou Ídolo

Torcedores do Grêmio postam no Twitter fotos imitando a comemoração de Barcos, EL PIRATA!


Torcedores imitam Barcos nas redes sociais (Foto: Montagem sobre fotos Reprodução/Twitter)Torcedores imitam Barcos nas redes sociais (Foto: Montagem sobre fotos Reprodução/Twitter)

domingo, 13 de janeiro de 2013


Surpresa na lista para Quito, Mamute agradece e quer aprender com Luxa

Atacante de 17 anos desceu dos profissionais à base em 2012, mas retornou com o aval do técnico Valderlei Luxemburgo


Ele estava fora do grupo principal até o fim de 2012. Disputava jogos e campeonatos pela equipe sub-20 e um retorno parecia distante. Mas 2013 surgiu e com ele veio uma chance. Yuri Mamute, de apenas 17 anos, contou com a sorte, é verdade. Viu Leandro ser convocado para a seleção sub-20, Kleber em recuperação de lesão e Bertoglio com mais um problema físico. Tudo isso somado ao desejo do técnico Luxemburgo o recolocaram não só entre os profissionais, mas também no grupo que viaja a Quito para o jogo contra a LDU, pela pré-Libertadores.
yuri mamute grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)Mamute treina no gramado suplementar do Olímpico (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
O jovem atacante pode colocar a nova fase na conta de Luxa. O técnico colocou o garoto entre jogadores tarimbados como Zé Roberto e Dida e deu oportunidades nos treinos. E Mamute sabe agradecer. Acredita que irá crescer ao lado de um grupo tão experiente.

- Voltei graças ao Luxemburgo, vou tentar aproveitar da melhor maneira. Ele exige bastante. É bom, aí amadureço mais rápido. Os companheiros me deixaram muito à vontade e foi aí que consegui fazer um bom desempenho. Não sei se agradei, mas estou trabalhando bastante - disse, antes mesmo de saber que estaria no grupo que viajará ao Equador.

O jovem atacante teve uma assenção meteórica em 2011 com Renato Gaúcho. Com apenas 16 anos recém feitos, o então técnico resgatou o jogador das categorias de base e o transformou na grande novidade daquele grupo que lutava para deixar as últimas posições da tabela do Brasileirão. Porém, em 2012, com a chegada de Caio Júnior, ele retornou à base. Se engana quem pensa que ele desaprovou a atitude:

- Estou trabalhando bastante. Descer novamente foi um aprendizado grande, amadureci muito - resigna-se.

Mamute sabe, no entanto, que a sua tarefa na Libertadores não será fácil. Passará de jogos contra meninos jovens e muito mais fracos fisicamente, já que tem no porte físico uma das suas principais virtudes, a duelo contra os jogadores mais experientes do continente. Ele confessa que ficará nervovo, mas aposta no "trabalho", quase um mantra para o menino.

- A perna vai tremer na Libertadores, imagino - sorri. - Mas seja o que Deus quiser, vamos trabalhar bastante.

Com campeões e artilheiro


Com campeões e artilheiro, Grêmio ensaia time 'copeiro' na Libertadores

Provável time titular de Luxa em Quito terá oito atletas com vivência no torneio - três deles, já campeões, número superior a 1983 e 1995


Não será por falta de experiência que o Grêmio irá naufragar na pré-Libertadores. Do provável time que enfrentará a altitude de Quito no próximo dia 23, mais de 70% das peças já atuaram no principal torneio das Américas. Mais do que participar, alguns deles têm histórias vencedoras para contar. E, principalmente, tentar repetir em 2013.
São três, na verdade. Há os velhos conhecidos Pará e Elano, companheiros na conquista da Libertadores de 2011, no Santos. E a novidade vencedora atende por Dida. Faz tempo. O goleiro foi campeão ainda muito jovem, aos 23 anos, com o Cruzeiro. Hoje veterano, aos 39, acredita que a experiência, mesmo que remota, pode ajudar.
- O futebol mudou um pouco. As coisas podem ser bem mais dificeis. A experiência, com certeza, ajuda. As recordações do passado são importantes - aposta. - A dificuldade para você chegar numa final é muito complicado (em 1997, enfrentou o Sporting Cristal, do Peru, na decisão). Tem que ter bastante foco. Eu quero passar esse foco para todos. Nós, como mais experientes, temos esse dever.
dida grêmio goleiro (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)Dida quer tocar em mais uma taça da Libertadores (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
Mais campeões do que em 1983 e 1995
Tomando como parâmetro, novamente o trio vencedor, a comparação com as outras conquistas é animadora. Afinal, dos times titulares do Grêmio campeões da América, havia apenas dois atletas campeões em outros clubes anteriormente em 1983 (Hugo De León e Tita) e um em 1995 (Dinho, já que Goiano só havia disputado o Mundial, pelo São Paulo, em 1993).
JogadoresLibertadores
Didacampeão em 1997, pelo Cruzeiro
Parácampeão em 2011, pelo Santos
Crisjogou por Corinthians e Cruzeiro
Vilsonjogou em 2011, pelo Grêmio
Alex Tellesnão jogou
Fernandojogou em 2011, pelo Grêmio
Souzanão jogou
Elanocampeão em 2011, pelo Santos
Zé Robertosemifinalista em 2006, pelo Santos
Marcelo Morenoartilheiro em 2008, pelo Cruzeiro
Willan Josénão jogou
A experiência não fica apenas em Dida, Pará e Elano. outros seis possíveis titulares já atuaram na Libertadores. Zé Roberto, por exemplo, foi longe, semifinalista em 2007, perdendo para o Grêmio de Mano Menezes. Outro dado positivo: veste a 9 tricolor um centroavante que já foi artilheiro da competição. Em 2008, Marcelo Moreno, com a azul do Cruzeiro, balançou a rede oito vezes.
- A Libertadores é forte, conheço bem a competição. O foco é no primeiro jogo, fazer uma boa partida em Quito para trazer a vantagem para Porto Alegre e conseguir a classificação. Depois a gente pode falar sobre os outros clubes que estão na chave - avalia o boliviano.
Recém-contratado, Cris atuou na Libertadores por dois clubes - Corinthians e Cruzeiro, sempre treinado por Luxemburgo. Vilson e Fernando tem no currículo a experiência de 2011, com o próprio Grêmio, sendo eliminados nas oitavas de final. Alex Telles, Souza e Willian José não jogaram a Libertadores. Ao atacante, um ponto a favor: é pé-quente em torneio continental. Venceu a Sul-Americana com o São Paulo, no fim de 2012.
A viagem para São Paulo ocorre na noite de domingo. Às 7h20m de segunda-feira, a delegação parte da capital paulista rumo a Lima, no Peru. Às 13h, está prevista a chegada a Quito, no Equador, onde o time de Luxa começa, no dia 23, a luta por uma vaga na fase de grupos da Libertadores, contra a LDU.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

'Força Psicológica'


Tática da vaga: Grêmio crê em 'força psicológica' por vitória sem levar gol

Assim como classificação diante do Coritiba, time gaúcho espera construir vantagem em casa para decidir fora


Naldo treina no Olímpico (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)Naldo (D) deve atuar na vaga de Gilberto Silva
(Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
Um jogo de futebol não é definido apenas pela qualidade técnica. Ou por quem tem mais poder físico. A capacidade de concentração, nas palavras do zagueiro Naldo a ‘força psicológica’, é capaz de desequilibrar um jogo. É assim que o Grêmio espera vencer o Millonarios, de preferência sem sofre gol, e largar em vantagem por vaga à semifinal da Copa Sul-Americana.
Assim como a Libertadores e a Copa do Brasil, o torneio tem no saldo qualificado o critério de desempate. E graças a ele o time gaúcho ressurgiu de uma eliminação dada como certa para ter a chance de fazer história: conquistar o título inédito.
O gol de Marcelo Moreno, aos 45 minutos do segundo tempo, definiu a derrota por 3 a 2 para o Coritiba, no Paraná, na primeira fase, e levou o Grêmio pela primeira vez à fase internacional da competição. Tudo porque, em casa, havia vencido por 1 a 0. Como Naldo, provável substituto de Gilberto Silva, com dores musculares, entende ser o ideal na partida das 21h50m desta terça-feira, o primeiro jogo das quartas de final:
- Vivemos um período de desgaste com jogos do Brasileirão e da Sul-Americana. Então, temos de ter uma concentração máxima. A força psicológica. Vamos colocar a perninha para cima no hotel e ficar prontos para jogar. Fazer o possível para ganhar sem levar gol. Se a gente não tomar, vamos com certeza fazer lá na frente pois nossos atacante têm qualidade.
Nas oitavas, ao começar o confronto com o Barcelona, no Equador, o Grêmio se valeu de arcar como visitante ao ganhar por 1 a 0. Tem, então, a receita para chegar ao jogo do dia 15 de novembro, na Colômbia, com vantagem e sair dele classificado. Resta saber se dará certo.

Naldo


Naldo vê no título da Sul-Americana trunfo para renovar com o Grêmio

Vínculo do zagueiro com o Grêmio termina no final da temporada


Naldo treina no time titular do Grêmio (Foto: Lucas Uebel/ Grêmio FBPA)Naldo disputou 29 partidas pelo Grêmio (Foto:
Lucas Uebel/ Grêmio FBPA)
Uma vitória contra o Millonarios, da Colômbia, na noite desta terça-feira, no Olímpico, fará o Grêmio jogar com mais tranquilidade na partida de volta, que ocorrerá no dia 15 de novembro, em Bogotá. E, para um jogador em especial, o embate tem um significado ainda maior. Com o contrato próximo do fim, o zagueiro Naldo tenta cativar Vanderlei Luxemburgo e a nova direção, que comandará o clube no biênio 2013/2014, a renovar o seu vínculo, que termina no fim do ano.

Naldo teve uma temporada de altos e baixos. Não conseguiu se firmar como titular, sendo uma opção para Gilberto Silva. Das 67 partidas disputadas pelo Tricolor na atual temporada, disputou 29. No entanto, nas últimas dez, esteve presente em seis, quando o time sofreu cinco gols. Neste final de ano, entretanto, começou a ter atuações mais sólidas.

Apesar disso, o jogador de 24 anos não demonstra preocupação com a indefinição de seu futuro. Ele prefere trabalhar com o intuito de ajudar o Grêmio a lutar pelo título da Copa Sul-Americana e a confirmação de uma vaga no G-4 do Brasileirão que fariam o clube desejar a sua sequência:

– Pode ser que eu esteja dando argumentos para renovar. Mas primeiro quero pensar nos jogos, na Sul-Americana e no Brasileiro, ter bons resultados. Conseguir ser campeão fará, com certeza, vir a possibilidade de renovação de contrato.
 
Contratado no início da temporada para suprir a saída de Sorondo (que se lesionou em um treino da pré-temporada), Naldo acertou seu vínculo com o Grêmio até 31 de dezembro. Nesta terça, ele deve iniciar como titular ao lado de Vilson na zaga, já que Werley e Gilberto Silva podem ser preservados em razão das dores musculares pelo excesso de jogos. À frente de Marcelo Grohe, o defensor tentará conter os avanços de Rentería e seus companheiros para deixar o time gaúcho mais próximo das semifinais do torneio.

O Grêmio deve atuar com Marcelo Grohe; Pará, Werley, Naldo e Anderson Pico; Fernando, Souza, Marco Antonio e Zé Roberto; Kleber (Leandro) e Marcelo Moreno.

Dona Ana


Uma mulher, 85 anos e 3 estádios: Dona Ana chora o fim do Olímpico

Única torcedora do Grêmio numa família de colorados ia escondida à Baixada, viu a inauguração do Olímpico e agora sonha com a Arena


dona ana grêmio adeus, olímpico especial (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)Dona Ana, no Memorial do Olímpico
(Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
Sem cerimônia, Dona Ana arrasta uma cadeira e se acomoda com velocidade incomum para seus 85 anos. Meneia a cabeça - de cabelos brancos, sim, porém vistosos e cheios de vida - e admira o quadro a sua direita. Emenda, convicta:
- É engraçado, né... desde que ele colocou a barba, nunca mais a tirou.
Dona Ana poderia estar falando de seu saudoso marido ou, quem sabe, do único filho. Mas tanta familiaridade foi empenhada para comentar o extenso painel com a figura de Hugo De León, zagueiro e capitão do Grêmio nas conquistas da Libertadores e do Mundial de 1983. Dona Ana também poderia estar em casa tamanha informalidade. Mas, naquela quente tarde de outubro, a convite do GLOBOESPORTE.COM, fincava seus pés miúdos no Memorial Herminio Bittencourt, no Olímpico. Mas não soa errado dizer que estava em casa, sim, e rodeada de "parentes". Afinal,numa espécie de versão feminina do ex-meia Milton Kuelle, é uma torcedora de três estádios. Deu adeus à Baixada, recebeu o Olímpico de braços abertos e agora alimenta a expectativa de testemunhar a inauguração da Arena, no dia 8 de dezembro.
Com a despedida da atual casa do Grêmio cada vez mais perto (será no dia 2 de dezembro, contra o Inter), você lerá nas linhas a seguir uma história de devoção a um clube de futebol. Uma adolescente de 17 anos que, na remota década de 1940, chegava a sair escondida da família, toda colorada, para ver o seu time jogar. Uma dedicada esposa que arrastava o marido para o campo e até passara mal na arquibancada. E uma carismática avó que até hoje não deixa de acompanhar os jogos. Mais pela TV. E sozinha na sala. Ai de quem se atreva a incomodar. Por ora contidas e muitas vezes inevitáveis, as lágrimas, saldo da nostálgica caminhada pelos corredores do estádio, comprovam: para Ana Aurora Ilha Linck, torcer para o Grêmio é coisa séria. E para sempre. 

Antes das alianças, a pergunta: "Gremista ou colorada?"
Desde de 19 de setembro, data da inauguração do Olímpico, até dezembro, na abertura da Arena, o GLOBOESPORTE.COM traz matérias especiais sobre a memória da atual casa tricolor
 
A paixão pelo Grêmio começou longe da Baixada e do Olímpico. Longe de Porto Alegre, a quase 200 km da capital, na pequena Cachoeira do Sul, no centro do estado. Um sentimento repassado de mulher para mulher. A pequena Ana, com seus seis anos, se encantou pelo boton do Grêmio que a tia Joaquina usava sobre a roupa. Queria saber de onde viera aquele símbolo que, mais tarde, a acompanharia pelo resto da vida.
- Eu nem sabia o que era futebol. Vem com a gente, não tem explicação - recorda Ana.
Tampouco teria lógica Ana contrariar a história dos Ilha e se tornar gremista. A família inteira - tinha 14 irmãos - sempre fora colorada. O pai era Força e Luz, clube extinto em 2006, e o único que, às vezes, torcia um pouco pelo Grêmio por "pena" da filha "sozinha". Para escapulir das provocações em casa, saía de fininho do trabalho, uma farmácia encravada no centro de Porto Alegre, e ia para a Baixada às escondidas. 
A ousadia da garota de 16 anos ganhava ainda mais valor pelos tempos duros vividos pelo Grêmio. Não estava fácil amealhar vitórias diante de um Internacional recheado de craques. Os últimos anos da Baixada foram de dificuldades. Dona Ana se lembra bem:
Eu vi todos os títulos, estava em todas as partidas decisivas"
Dona Ana
- Naquela época, ninguém perguntava quanto foi o jogo, mas, sim, quantos gols o Larry e o Bodinho fizeram no Grêmio.
Em vez de desistir, dona Ana uniu forças. Assim pode ser encarado o seu casamento com Lauro Luiz Linck, de descendência alemã, assim como o seu Grêmio. A gremista isolada nunca mais ficaria só. Aos 25 anos, ganhou um amor para todos os momentos e um torcedor fiel para todos os jogos. Com seu marido, garante não ter faltado a uma partida nos primeiros 15 anos de Olímpico.
Embora muitas vezes Lauro fosse "arrastado" ao estádio pela empolgação da esposa, o marido passava longe de um torcedor desinteressado. Uma das primeiras perguntas que fizera a Ana foi sintomática: "gremista ou colorada?". A resposta, tão óbvia quanto fundamental, selou a vida do casal. Que se confunde com a do próprio clube.
- Eu vi todos os títulos, estava em todas as partidas decisivas - se orgulha Ana.
dona ana grêmio adeus, olímpico especial (Foto: Hector Werlang/Globoesporte.com)Dona Ana se emociona nas arquibancadas (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
Comecemos, portanto, pelo fim. Pelo fim da Baixada, estádio que acolheu o Grêmio de 1904 a 1953, em frente ao Tiro Alemão e entre o Prado do Moinhos de Vento e o mato Mostardeiro. Dona Ana, então aos 26 anos, estava, como sempre desde 1952, ao lado do marido, no último Gre-Nal da velha casa. Como de costume naquela tortuosa época, o Inter se deu melhor: Jerônimo e Canhotinho marcaram os gols do 2 a 0.
Hoje protegidos por espessas lentes, os olhos de Dona Ana jamais esquecerão a avidez dos sócios gremistas em tentar levar uma recordação do estádio que seria apenas memória meses depois (em 12 de dezembro de 1953, um amistoso ainda fecharia oficialmente a Baixada. O Grêmio goleou o Guarani de Alegrete por 6 a 1).

- Eles queriam levar uma tábua, cada um queria levar um pedaço, começaram a bater para desmontar - conta.
Tardes a fio no Olímpico, com a turma do piquenique
Sócia do clube, ela não desmontou nenhum pavilhão. Pelo contrário. Preferiu esperar o novo estádio ficar pronto. Em 19 de setembro de 1954, lá estava Dona Ana, acomodada na área das sociais, a única coberta, para ver o Grêmio vencer o Nacional na partida inaugural. A cidade toda estava lá, relembra. Como boa torcedora, viu na abertura da nova casa uma chance de ouro de alfinetar o rival:
- Eles ficaram furiosos com o Olímpico, muito mais bonito do que os Eucaliptos. Os gremistas, finalmente, tinham do que se orgulhar. E, quando ergueram o Beira-Rio (em 1969), a gente chamava de 'boia cativa' (em alusão ao aterro do Lago Guaíba para a construção do estádio colorado).
A mudança da Baixada para o Olímpico uniu o útil ao agradável. O Grêmio ficou mais perto de Dona Ana. Os jogos se tornaram um evento. A turma toda do bairro Medianeira, várias famílias, por volta de 15 pessoas - todos colocavam em prática as palavras de Lupicínio Rodrigues no Hino do Grêmio. A pé, rumavam ao estádio, sempre atalhando pela Rua Coronel Neves, em direção a Carlos Barbosa. Em 10 minutos, já avistavam o gigante azul de puro concreto. Não raro, montavam verdadeiros piqueniques, indo para o campo já pela manhã, nos tempos em que as partidas preliminares dos aspirantes movimentavam a torcida durante todo o dia.
Mas as paredes tilintando de novas do Olímpico jamais foram completa novidade para Dona Ana. O marido trabalhava na Smov (secretaria municipal de Obras e Viação) e vivia envolto nas obras do estádio, iniciadas em 1951. Participativa, a comerciante dava os seus pulos na construção - local de que, depois de pronto, também não deixaria de visitar. Virou seu QG, numa época em que se tinha "poucas diversões", a própria conta.
O 'ataque dos sonhos' e o choro de Foguinho
dona ana grêmio adeus, olímpico especial (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)Dona Ana observa time que, em 1959, goleou o
Boca (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
Da arquibancada do Olímpico, surge um solo duro, porém fértil. De onde, como que por geração espontânea, brotam histórias. Numa delas, Dona Ana por pouco não foi parar no hospital. O temido Grêmio da 'escola Foguinho', enfim, estava sendo batido em casa, em 1961. O gol do Flamengo, hoje Caxias, fez a torcedora fanática passar mal. Lesionado, fora de combate, Juarez, um dos maiores centroavantes da história do clube, viu o sofrimento da moça. Assim como ela, estava acomodado nas sociais do estádio assistindo à difícil partida. E, com sua voz de trovão, remediou o mal com esperança.
- Fique calma. No próximo jogo, eu me recupero e faço um gol - prometeu.
Aliás, vem do time que venceu 12 campeonatos gaúchos em 13 disputados as memórias mais frescas e tenras de Dona Ana. Sabe de cor o time que mais a marcou nessa era, chama o setor ofensivo de "ataque dos sonhos" (também pudera: Gessy, Juarez, Milton e Vieira) e tece comentários sobre os jogadores e o técnico como se falasse de filhos tamanha a cumplicidade.
- O Foguinho era gremista doente - lembra, apontando a foto de Oswaldo Rolla no memorial do clube.
Com seu estilo disciplinador e sotaque de "erres" carregados, Foguinho inventou o conceito de "futebol-força" no Rio Grande do Sul e, com um time montado a dedo, deu fim à supremacia colorada dos anos 1940. Antes, já havia se eternizado como meio-campo do Grêmio, de 1928 a 1942.
Mesmo com quatro títulos consecutivos, de 1956 a 1959, Foguinho deixou o clube. Embora austero, também mostrou capacidade de comoção. Tudo documentado pela história, mas também pelos olhos astutos de Dona Ana, que viu Foguinho chorar. Foi em 1961, logo depois de sair do Olímpico. Foguinho não aceitava a interferência insistente da direção na escalação da equipe e voltou ao Cruzeiro. Apesar de ter em mãos uma equipe mal das pernas, venceu, adivinhem, o próprio Grêmio em sua estreia, no feriado de 15 de novembro: 1 a 0, e palavras que em nada davam o sentimento da vitória: "Foi como se eu apunhalasse o meu próprio filho", declarou o técnico em entrevista de pós-jogo também registrada no livro "Os Dez Mais do Grêmio", de Marcelo Ferla. 
O semblante sisudo do treinador é apenas uma de tantas figuras de relevo nos quadros e painéis e que fazem Dona Ana voltar ao passado. Emotiva, não se esforça para conter o choro. Os olhos marejam diante das taças conquistadas. Como num transe, estaca diante da foto posada da delegação antes da viagem rumo a Buenos Aires, onde, em 1959, o Grêmio golearia o Boca Juniors por 4 a 1, os quatro gols de Gessy, que entrara em campo debilitado por uma rotunda noitada. Craque genioso, não gostava de falar em futebol, contava com a luxuosa admiração de Elis Regina e sustentava o preocupante apelido de Relâmpago - dada a quantidade de cigarros que acendia durante a noite, nas concentrações.
- O Foguinho vivia lhe dando broncas, era incrível - confirma Dona Ana, agora, mais do que torcedora, contagiada pelo zelo inerente das avós.
Garrincha, Pelé e o soco de Everaldo
Na sólida memória de Dona Ana, ainda moram atuações de gala de Garrincha, Didi, Djalma Santos, Nilton Santos e, claro, de Pelé, todos no gramado do Olímpico. Mas o Grêmio também concebeu um campeão mundial que não se desprega de sua mente. O lateral-esquerdo Everaldo, único gaúcho tricampeão em 1970, que fez parar Porto Alegre após o título no México. O motivo da existência da única estrela na bandeira gremista e um dos defensores mais disciplinados. Mas que, curiosamente, também ficou marcado por uma agressão.

Em 18 de outubro de 1972, em partida do Brasileiro, contra o Cruzeiro, Everaldo se inconformou com um pênalti duvidoso a favor dos mineiros e nocauteou o árbitro José Faville Neto. Nem ficou no campo para ouvir a ordem de expulsão. Acabou pegando um gancho de um ano, que seria atenuado meses depois. Conseguiu inclusive arregalar os olhos de uma concorrida tribuna de honra, que contava até com o então presidente Emili Garrastazu Médici. A torcida, no calor da partida, finalizada em 1 a 1, gostara da atitude intempestiva de seu ídolo. Afinal, fúria também combina com paixão.
- Comemoramos o soco como um gol - relembra Dona Ana, abrindo o sorriso de pura nostalgia.
Os craques daqueles tempos passaram, o futebol mudou. E Dona Ana também. A partir dos anos 1980, frequentou menos o estádio. Começou a notar mais violência por parte das então emergentes torcidas organizadas e menos respeito às mulheres. Por isso, escolhia com mais critério a partida a assistir. Futebol não permitia mais piqueniques nas arquibancadas, mas ainda emocionava. A inauguração do Olímpico Monumental, completamente reformulado, em 21 de junho de 1980, é um fiel exemplo.
- O estádio ficou lindo, maravilhoso - elogia, resgatando o 1 a 0 sobre o Vasco.
O fim da parceria, não do amor. Nem do gremismo
grêmio 1956 (Foto: Reprodução)Time de Foguinho, da retomada da hegemonia do RS,
em 1956, encantou Dona Ana (Foto: Reprodução)
O seu afastamento definitivo das incursões ao Olímpico se deu há cinco anos. Também pudera. Perdera o seu parceiro de vida e de futebol. Lauro Luiz Linck morrera numa quinta-feira, um dia depois de completar 80 anos. O esperava uma faixa feita pelos netos colorados, com todos eles vestidos de tricolor, numa concessão para lá de sincera e especial. Uma homenagem e tanto, que não encontrou o seu alvo. Pelo menos, fisicamente. As lágrimas voltam aos olhos de Dona Ana, que, contra a saudade, optou por repassar aos cunhados gremistas de São Leopoldo o que tinha de mais valioso de suas histórias com o Grêmio. Que, inevitavelmente, se misturam à do casal-torcedor.
Muito por isso, prefere o refúgio do lar em dias de jogos. Perdeu o hábito de ir ao Olímpico, mas não passa em branco quando a bola rola. É dia de Grêmio entrar em campo? É dia também de Dona Ana dar uma trégua na rotina de carinhos e mimos aos netos e aos oito bisnetos. E voltar a ser a solitária e combatente gremista da família Ilha. Prefere assistir sozinha aos jogos, para evitar a "corneta" caseira.
A última vez que havia ido ao campo, antes dessa tarde quente tarde de outubro a convite do GLOBOESPORTE.COM, havia sido em 11 de setembro de 2011. Na companhia da sobrinha, comemorou a vitória de 1 a 0 do Grêmio sobre o São Paulo. Pisar no concreto e admirar o gramado são rituais que ainda mexem com suas lembranças. Chega a apertar o dorso da mão contra a boca, agora num empreitada inútil contra a emoção. Dona Ana não quer ver o Olímpico ir abaixo.

- Estou com pena disso tudo. Me sinto angustiada - confessa.

Mesmo contrariada, acena em ir ao Olímpico em ao menos um dos quatro jogos que ainda restam em 2012. E, no dia 8 de outubro, pretende ir à Arena. Ainda está em busca do ingresso para o evento da inauguração, mas o olhar confiante revela que nada será obstáculo para quem já desafiou olhares enviesados e provocações de uma família inteira tingida de vermelho por amor a outro clube de futebol:

- Claro que quero ir, não deixo de ser gremista. Os homens passam, e o Grêmio fica. 
dona ana grêmio adeus, olímpico especial (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)No palco que viu crescer e virar Monumental, Dona Ana se emociona (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Souza é Duvida

Souza é dúvida para o jogo de quarta-feira, contra o Barcelona-EQU, pela Copa Sul-Americana.Souza volante Grêmio (Foto: Tomás Hammes / GLOBOESPORTE.COM)

Souza treinou separado nessa segunda-feira, ficou sob as orientações de Antônio Mello e fez um teste para saber se há condições de jogo ou não. Caso não jogue, estará desfalcado o time de Luxa por três jogos (Não atuou contra o Coritiba e contra o Fluminense). Por causa da sua torção no tornozelo esquerdo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Koff


Koff é eleito presidente do Grêmio

Vencedor teve 57,5% dos votos, Odone, 36,7%, e Bellini, 6,25%


fábio koff presidente eleito do grêmio (Foto: Wesley Santos/PressDigital)Fábio Koff foi eleito para o biênio 2013-2014
(Foto: Wesley Santos/PressDigital)
A 'era Arena' do Grêmio já tem o seu presidente. Com 7.696 dos votos, ou 57,5%, Fábio Koff foi eleito para o biênio 2013-2014, os primeiros anos do novo estádio do clube gaúcho. Aos 81 anos, Koff volta ao cargo que ocupara em outras duas oportunidades. O atual mandatário Paulo Odone, que tentava a reeleição, ficou em segundo lugar, com 4951 votos, ou 36,7%. Homero Bellini Júnior teve 843 votos, ou 6,25%.

A eleição no Olímpico neste domingo totalizou 7.964 votantes presenciais (sendo 7.935 de votos válidos, 21 nulos e 8 brancos). Outros 5.583 exerceram sua preferência por correspondência (5.556 válidos, 24 nulos e 3 brancos). No total, 13547 votos, a maior eleição da história do clube, desde que os sócios passaram a participar, em 2004.
- Sou um homem do futebol. Volto para uma empreitada, que me motiva profundamente - afirma Fábio Koff durante a coletiva no no Espaço Rudi Armin Petry, no Olímpico. - Saúdo a todos os presidentes. O Grêmio é feito, sim, por aqueles que ganharam e por aqueles que perderam. E aqueles que ganharam muito. Tive o privilégio de estar nos momentos mais importantes da vida do Grêmio. Peço aos companheiros do Conselho de Administração que me ajudem e a Deus que me ilumine. E que nós possamos retribuir a confiança daqueles que nos colocaram nesse cargo.

Eleito usa discurso de conciliação
Seu discurso foi de conciliação, com a promessa de unir o clube. Também afirmou que vai "morar" na Arena, a despeito de quem considerava que, por não ter participado ativamente da construção do estádio, Koff valorizaria menos a obra.
- O que está certo vamos manter. O que está certo não será mudado. Se eu não fui a Arena, agora vou morar na Arena. Antes, eu morava no Olímpico - defendeu.
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Se eu não fui a Arena, agora vou morar na Arena. Antes, eu morava no Olímpico. Nosso sonho é ser tri da Libertadores da América"
Fábio Koff, presidente eleito do Grêmio
Ainda em tom aglutinador, pediu ao torcedor que mantenha a fé no time da gestão de Odone e diz torcer pelo título da Copa Sul-Americana:
- Nós temos uma Sul-Americana pela frente, um título de âmbito internacional. Faço um apelo ao torcedor, que dê força à equipe que está aí para que vença o torneio e garanta a participação na Libertadores do próximo ano. Nosso sonho é ser tri da América.
Sobre o seu modelo de gestão, já anunciou uma novidade. Haverá um executivo profissional e mais dois assessores, cargos políticos, ligados ao Conselho de Administração, composto por Adalberto Preis, Marcos Herrmann, Nestor Hein, Odorico Roman, Renato Moreira e Romildo Bolzan Júnior.
Terceiro mandato de Koff
Em 1996, assumiu o Clube dos 13, instituição criada em 1987 para defender os interesses políticos e financeiros dos principais clubes do Brasil. Permaneceu 16 anos no cargo, até o enfraquecimento da entidade. Assim, aceitou o pedidos dos movimentos de oposição do clube para concorrer nesta eleição.Koff presidiu o Grêmio em duas oportunidades, entre 1982 e 1983 e, depois, de 1993 a 1996. Na primeira chance, venceu a Libertadores e o Mundial. Em sua segunda passagem, repetiu a Libertadores e ainda levou a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
Apoio de ídolos do passado marcou campanha
Renato Gaúcho participa de evento de Fábio Koff (Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)Renato Gaúcho participa de evento de Fábio Koff
(Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)
Durante toda a campanha, deflagrada em 4 de setembro, Fábio Koff usou contra Odone, seu principal adversário no pleito, a falta de títulos na última década, prometendo o retorno das conquistas em sua gestão.
Para tanto, contou com o apoio de antigos ídolos de seus times campeões. Mazaropi, Hugo De Léon e Renato Gaúcho, da era de 1983, e Paulo Nunes, Jardel, Dinho e Adilson, da equipe de 1995, são alguns dos exemplos mais marcantes.
- Estou contigo, meu presidente - disse Renato, em evento em Porto Alegre na última quinta-feira que reuniu apoiadores de Koff.
Embora bastante referendado pelo passado de conquistas, Fábio Koff tentou realizar uma campanha eleitoral baseada no futuro. Ao apresentar o plano de gestão para o biênio 2013-2014, ainda em setembro, o dirigente mostrou um planejamento elaborado nos dois últimos anos e que tem como pilares o exemplo do Barcelona, a governança corporativa entre os 14 movimentos políticos do clube, a profissionalização levada à risca e, claro, relação próxima com a torcida.

Aqui, aliás, uma novidade: seu grupo fez uma eleição entre os gremistas para saber qual o reforço pretendido. Este nome, garante, foi contatado e aguarda o resultado do pleito para definir seu futuro.